domingo, 25 de setembro de 2011
terça-feira, 20 de setembro de 2011
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
all I want is to be home
quero construir uma casa. a minha casa. a nossa casa. quero muito. e é esse desejo, essa ânsia, até, que me faz levantar todos os dias, porque tudo o que eu quero, realmente, é estar em casa e senti-la como isso mesmo, como uma casa. a minha casa. a nossa casa.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
és a única pessoa que percebe a piada do "não pára", do "se era necessário isso", do "credo em cruz", do "eu necessito" e do "potente", entre outros. e sei isso, porque, quando não estou contigo e digo alguma das nossas coisas, sou a única a rir-me. e levo os outros a pensar que sou uma pequena (grande) anormal.
mas sabes? adoro isso. adoro termos "as nossas coisas".
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
terça-feira, 6 de setembro de 2011
domingo, 4 de setembro de 2011
ninguém faz falta
Se te queres matar, porque não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
por actores de convenções e poses determinadas,
o circo policromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
ah, cansa-te nobremente,
e não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
de que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
quando não são de coisas nossas,
quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...
Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
e os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
lamentando a pena de teres morrido,
e tu mera causa ocasional daquela carpidação,
tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
mesmo que estejas muito mais vivo além...
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
e depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
e a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
e uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.
Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
as seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem,
não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
e o próprio universo e os outros
satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?
Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
de células nocturnamente conscientes
pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
pela relva e a erva da proliferação dos seres,
pela névoa atómica das coisas,
pelas paredes turbilhonantes
do vácuo dinâmico do mundo...
Álvaro de Campos
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o quadro sucessivo das imagens externas
A que chamamos o mundo?
A cinematografia das horas representadas
por actores de convenções e poses determinadas,
o circo policromo do nosso dinamismo sem fim?
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E de qualquer forma, se te cansa seres,
ah, cansa-te nobremente,
e não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chamada gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
de que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
quando não são de coisas nossas,
quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
porque é a coisa depois da qual nada acontece aos outros...
Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
e os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar, inconsolável e contando anedotas,
lamentando a pena de teres morrido,
e tu mera causa ocasional daquela carpidação,
tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
mesmo que estejas muito mais vivo além...
Depois a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
e depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa aligeira-se quotidianamente,
e a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste;
mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
e uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti.
Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
as seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem,
não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
e o próprio universo e os outros
satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?
Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente:
torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
de células nocturnamente conscientes
pela nocturna consciência da inconsciência dos corpos,
pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
pela relva e a erva da proliferação dos seres,
pela névoa atómica das coisas,
pelas paredes turbilhonantes
do vácuo dinâmico do mundo...
Álvaro de Campos
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
o amor é torto
e, mesmo assim, acabo por não lhe resistir. a verdade é que acredito, cada vez mais, que não lhe resisto, assim tão continuamente, por isso mesmo: porque ele é "torto e deixa mossa". e porque o querer voar é superior à consciência de mim e de ti, que vou tentando construir em vão.
e acabo sempre por dizer, inconscientemente, para mim mesma: "mas quero voar, por favor!".
(deolinda - passou por mim e sorriu)
e acabo sempre por dizer, inconscientemente, para mim mesma: "mas quero voar, por favor!".
(deolinda - passou por mim e sorriu)
PP
porque a desenhar também se aprende Economia, nas aulas de Economia. o nosso PP, Porquinho Poupanças.
daydreamer
na generalidade, quem me vai conhecendo, tal como a continuidade do verbo o indica, não me conhece realmente, ou não conhece as diferentes facetas daquilo que eu julgo ser. é que nem eu me conheço. e, mais uma vez, apenas julgo ser.
essa é a realidade em que me permito sentir e em que permito que me sintam. nada mais. ou pouco mais.
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